A volta de quem sempre esteve aqui

          Quanto tempo faz que não me sento frente ao computador para me expressar? Anos, muitos anos. Quantas coisas aqui estão guardadas e sufocadas em prol de algo que nem eu mesmo sei o que é? Muitas, inúmeras coisas. Hoje parece que se inicia um novo tempo. Eis que aqui estou para "começar a terminar" de esvaziar essa mala e fazer transbordar esse copo que anda cheio...

        Engraçado que ao mesmo tempo que sei onde estão as rodinhas dessas malas, parece que não alcanço a alça para puxar a mesma. Mala esta que andou bem pesada frente aos últimos acontecimentos, mas agora a cada esquina que viro, deixo um pouco do que ela continha e que a mim nem pertencia. Vocês já se perguntaram quantas vezes carregavam algo que nem pertencia a vocês? Quantas vezes empreendia uma energia na solução de algo que nem te pertencia?

          Calma! Não estou aqui a pedir que sejamos a frieza em pessoa ou que nos transformemos em ilhas solitárias, mas que estejamos atentos ao que nos afeta e ao que de fato necessita da nossa energia. Ajuda é sempre bem vinda, mas interferir não é ajudar. Tirar pedras do caminho não faz com que o outro ande sem cair. A grandeza da caminhada está nos pequenos detalhes, nos pequenos tropeços. São eles que nos fazem abrir os olhos, perceber o nosso entorno e ter atenção com aquilo que julgamos pequenos ou sem importância.    

        Dialogando com Antonie de Saint-Exupéry, que dizia que o essencial é invisível aos olhos, mostrando que devemos deixar de foras as superficialidades e explorar o que realmente importa, que é o que está no interior, devemos estar também atento às estas superficialidades que podem nos dar pistas do que podemos encontrar pelo caminho. Olhar para cada detalhe sem desmerecer ou supervalorizar.

        No vai e vem das ondas, no balançar da rede, no turbilhão de sentimentos, vou vendo que voltar aqui é revisitar quem daqui não saiu: Eu! Assim marco a volta de quem sempre esteve aqui.