domingo, 17 de maio de 2009

A Educação que transforma

Artigo
Amarilio Macedo - Empresário

A qualidade da educação que é oferecida aos brasileiros causa indignação. O baixo padrão educacional traz conseqüências nefastas a todos os aspectos da coletividade, solapando as bases da cidadania e inviabilizando o avanço da sociedade.
Politicamente, as deficiências na educação produzem vícios de comportamento, estimulam a dependência e a corrupção, consagrando a demagogia. No setor produtivo, tais deficiências provocam a baixa capacitação da mão-de-obra, a facilitação à sonegação de impostos e o desrespeito aos direitos trabalhistas, afetando a ética nos negócios e gerando a competição desleal.
A educação que transforma a sociedade estimula as aptidões cognitivas, forma a mentalidade social e fomenta a dignidade. Nada tem a ver com providências que apenas nutrem estatísticas.
A educação transformadora começa na qualificação dos educadores, que devem ser capacitados a estimular no outro a busca do conhecimento, a partir de si e de seu meio. Manter pessoas comprometidas com a educação, requer uma remuneração adequada, sem a qual se impõe aos profissionais imensa abnegação. Não se pode atrelar a educação de um povo a um exército de abnegados.
Promover a educação hoje implica em disponibilizar recursos tecnológicos a fim de facilitar o processo educacional e inserir a pessoa na situação de mercado mundialmente posta.
Sem considerar essas questões da educação verdadeira, as ações não têm compromisso com pessoas, nem com a sociedade.
Priorize-se a formação dos mestres, atraindo-os com bons e factíveis projetos e remunerando-os adequadamente, ponha-se a inclusão digital como suporte ao processo educativo e teremos razões para acreditar na viabilidade do desenvolvimento sustentado do país que, no dizer do nobel Amartya Sen, é o estágio em que os indivíduos têm oportunidade de fazer escolhas e de exercer a cidadania plena - possibilidade que está fora do alcance de quem não tem educação com qualidade.

Fonte: Jornal “O Povo”

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Peixes Passáros Pessoas

"Peixes são iguais a pássaros
Só que cantam sem ruído
Som que não vai ser ouvido
Voam águias pelas águas
Nadadeiras como asas
Que deslizam entre nuvens
Peixes, pássaros, pessoas
Nos aquários, nas gaiolas,
Pelas salas e sacadas
Afogados no destino
De morrer como decoração das casas
Nós vivemos como peixes
Com a voz que nós calamos
Com essa paz que não achamos
Nós morremos como peixes
Com amor que não vivemosSatisfeitos? mais ou menos
Todas as iscas que mordemos
Os anzóis atravessados
Nossos gritos abafados"

Por Mariana Aydar

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Por uma Educação Libertadora

"A grande maioria dos Educadores felizmente estão defendendo a idéia de uma Educação Libertadora - o que não significa que os Conteúdos devam ser desprezados, mas trabalhados de forma a promover essa 'Educação Libertadora' (Regis de Moraes, 1986, EPU), e que se preocupe com a formação geral do indivíduo, tendo clara a definição do cidadão que esta escola deseja formar.
Por Educação Libertadora, entendemos uma educação que desenvolva no aluno o compromisso consigo mesmo e com o social.
Há que se tomar cuidado no entanto, para que não haja equívocos, pois muitos entendem por educação libertadora uma educação que desobriga de tudo. O educador deve despertar no educando um diálogo interior e constante entre o precioso bem da liberdade e o da disciplina, que os educandos exercitem desde cedo a escolha dos seus caminhos, e que despertem para o exercício da cidadania.
Nesse sentido, Constance Kamii, 1995, Ed.Papirus, ressalta a importância do desenvolvimento da Autonomia como Finalidade da Educação. É nas 1as. Séries do ensino fundamental, ou até antes, na fase pré-escolar, conforme um dos livros mais importantes de Piaget, 'O Julgamento Moral da Criança, 1932' que a Autonomia Moral e Intelectual deve ser trabalhada pelo professor.
'Autonomia significa ser governado por si próprio. É o contrário de heteronomia, que significa ser governado por outrem' (Kamii, 1995). Kamii também adverte para o fato de os professores incentivarem seus alunos a recitarem respostas certas, sem contudo levarem-nos ao raciocínio e os questionarem sobre o que pensam sinceramente.
'É responsabilidade também do ensino colocar os alunos em condições de continuarem estudando e aprendendo durante toda a vida e inculcar valores e convicções democráticas, tais como: respeito pelos companheiros, solidariedade, capacidade de participação em atividades coletivas, crença nas possibilidades de transformação da sociedade' - J.C.Libâneo, Didática,p.24.
Toda essa preocupação deve envolver todo o corpo docente: não só os professores, como também os Coordenadores Pedagógicos, Orientadores Educacionais e Diretores. Afinal, se um dos objetivos da Escola for combater o individualismo dos alunos, isso deve dar o exemplo de um trabalho em conjunto. Trata-se na verdade de uma verdadeira mobilização para a Transformação da Sociedade.
Em tempos de globalização, Internet, etc., é necessário que a Escola forme cidadãos que interajam consigo mesmo, com o outro e com o mundo, de forma harmoniosa e, acima de tudo, com respeito.
A Educação de 1º grau, como estava sendo desenvolvida até hoje, tem preocupado os grandes educadores da atualidade, especialmente por notarem que o ensino de 1º grau não tem se preocupado o suficiente com a formação global do indivíduo, e muito menos com o desenvolvimento moral e/ou intelectual do mesmo. Se não houver essa preocupação, fica pouco provável poder esperar, para o futuro, uma nova sociedade, com indivíduos críticos, autônomos e livres.
Nesse sentido, o Professor que faz a opção pela Educação Libertadora coloca-se perante os alunos como um Orientador, que estimula e direciona seus alunos para que estes vivenciem o processo natural de desenvolvimento, dentro de um ambiente motivador - no que são apoiados por Ernesto Rosa Neto, Ática, 1991.
Nessa interação entre aluno e professor, há o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos, sem a imposição de conceitos sem sentido. O raciocínio lógico irá direcionar o Senso Crítico e Autonomia Moral/Intelectual por toda a vida do educando.
Para que a Escola de Ensino Fundamental seja dessa forma coerente com a atualidade, é fundamental que trate todas as disciplinas de forma a relacioná-las com o cotidiano dos alunos, com as novas exigências do mercado, e especialmente com a formação do novo cidadão, o qual será o grande executor da 'Transformação da Sociedade'.

Salientamos então, a importância de um ambiente escolar favorável, onde haja compreensão da realidade e onde se possa pensar em novas possibilidades, como novas concepções de conhecimento, de ciência e de verdade, preocupação com a solidariedade e com a construção de uma real democracia."

Por Gisele Castro